quarta-feira, 26 de março de 2014

Paganismo Matutino

*Um texto de Lázaro Ambrósio

Se ser criança torna o ser um disparate
No infame mundo da crendice
Infiltra na mente o disfarce
Esplêndido sabor da verdade imaculada

Se do transe hipnotizado acorda
E olhando ao redor não reconhece
O desatino incrédulo do irmão
O pecado pautado parece dissipado

O Papa Francisco sorriu para mim
O Bispo Macedo tocou minha mão
Aquele preto velho previu meu sucesso
O cara azul me traz tanta paz

Resgate do Vale das Sombras pedi
Mas sinto saudade de quando sumi
Relembro o capeta que me recebeu
E da cachaçada que a gente bebeu

A minha Paganice me atacou
Nesta manhã de outono chegado
A família cristã retrucou
Ameaçando bater e deixar-me pelado

Gritando com tochas me conduziram
Ao pau de arara depois para um poste
To aqui amarrado chorando sofrido
O tempo não passa, eu todo aflito

Acende logo e prepara o churrasco
Come da carne de quem duvida
Da tua fé na sustentação da vida
Da crendice bruta de carrasco

Que o pagão amarrado choroso e doído
Por ser um sofrido, o peito moído
Desperta a ira do povo pacífico
Que clama a tortura, o evento específico

Mas se não rimo, não tremo no peito
Não tem mais sentido a quadra e o verso
Pareço somente um perverso
Falando bobagem e perdendo o respeito

Por isso só resta cantarolar
Talvez temperar a platéia que anseia aguardando na mesa
Pelo churrasco das minhas pernas

Cobertas a milanesa

Nenhum comentário:

Postar um comentário