quarta-feira, 2 de abril de 2014

Cara Bailarina

*Um texto de Lázaro Ambrósio

Quisera poder descrever os desenhos que vi pintados no ar
Pelo qual a tua imagem deslizava ao som das canções pra esquecer
Dentre os sons da música que minha alma ouvia
Eu produzia com as mãos as notas que se misturavam ao silêncio
O violão, meu porta voz me traduzia
E você flutuava no ar sob a ponta dos pés por causa do singelo ruído ritmado
E deslizava e parecia que os sons emitidos vibravam no teu corpo
Sentia talvez como eu a vibração do compasso
Bem no lado esquerdo do peito, pulsando o sangue
E bombeando sensações que só poderiam ser expressas pelo movimento
Cada toque nas cordas gerava um movimento
Cada movimento me arrebatava
Era um rodopio tão intenso, uma beleza tão encantadora, que me fez parar nesta manhã pra escrever umas linhas descrevendo essa sensação de arrebatamento, senso comum dentre os seres de carne
Eu suspirava
Tudo era você, o som e o silêncio
Eu senti até vontade de rimar
Pode acreditar?
Tentar decifrar
Com as palavras representar
O que não dá pra expressar de olhos vidrados e boca semi aberta de espanto 

Não posso descrever em toda plenitude a tua imagem, os sons e o silêncio
Só expulsar uns pensamentos represados

E temo o fato de ser repetitivo
Pois me repito
Ressinto
Me acho
E esqueço
Entretanto esta manhã não foi esquecimento
Ainda passa pelos olhos a silhueta dos passos encantados
E mesmo repetitivo tive de por no papel a intensidade da dança
A suavidade e força dos gestos clássicos
Apreendidos arduamente pelos nervos alongados
Pelos ossos dos dedos espremidos pela sapatilha que oprime
E pela insistência em deslizar no ar como uma pintura
Moldurando a cada passo a realidade perfeita


Cara bailarina, muito obrigada.

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