Eu era uma palavra não dita
Pelo receio absorvida
Um ponto de interrogação no fim da frase insegura
O jovem nos braços da mulher madura
Continha no peito a lembrança dos deslizes
Que nos impedia de cantar felizes
Levava nos ouvidos o zunido dos gritos emitidos pelo
flagrante
No dia que o sempre perdeu para o instante
Olhava nos olhos nervosos da sinceridade traída
Vendo que ela procurava uma saída
Velejava nas ondas do mar revoltado
Dormia na cama do amor acabado
Lembrando do tempo do riso espontâneo
De comer risonhos o macarrão instantâneo
Da tua cabeça deitada em meu peito
Teu doce cheiro
O cigarro aceso, do vinho o trago
O calor do afago
E o filme entediante
Que nos levava a necessidade
Do toque e do estado delirante
Resta a parede rabiscada
A foto emoldurada
O lado esquerdo da cama vazio
E o frio
Na falta do corpo carente
Daquela pele quente
Dominada pelo cio
Nenhum comentário:
Postar um comentário